Estava a sonhar com ladrões. Imaginei que amanhã o dia seria meu. Só meu. Todo meu. Não vai ser. Terei de ir verificar o nível das baterias. Que sorte! Um passeio em dinghy... Separarmo-nos do mar é pior do que separamo-nos da mulher da nossa vida. Ela só fala.
13.12.25
Balanços
Tomar um duche grosso em terra é como tomar um sóbrio no mar. Não vale sequer a pena perguntar porquê.
Eleni, Hildegarde e o tempo
Passo da Hildegarde para a Eleni Karaindrou por razões que têm a ver com a memória e a má consciência. Andam muitas vezs juntas, essas duas cabras. Não sei. Não há rum que chegue para me dar uma resposta. Só o tempo, se eu viver tempo que chegue.
Equivalências, sortes
Domingo vou para Road Harbour. É um dos sítios das Caraíbas que mais detesto. É-me difícil perceber porque estou tão contente. Difícil?
Não é o destino que conta, estúpido. De qualquer maneira não vais sequer ter tempo de ver aonde estás. É sair de bordo, ir buscar as injecções e os sapatos de que te esqueceste e correr para o aeroporto para voltar para o mar. O mundo devia ser feito de mar. Ou de amor, é quase a mesma coisa.
Se tiveres muita sorte, vais ao Purser's beber um rum. Muita sorte.
Diário de Bordos - Le Marin, Martinique, DOM-TOM França, 12-12-2025
São nove da noite. A esta hora estou ou a dormir ou a pensar no que fazer para dormir. Agora não. Penso que tenho de dedicar este post à B. A. P. e à L. C. B. (por que raio de carga de água temos tantos nomes, nós portugueses?) e é por aqui que começo, Bárbara, Luíza. Ou começo antes? Cheguei a casa e fiz um café, uma coisa do Congo que comprei em Fort-de-France e que é bastante bom, ma parole. E depois pus a Hildegarde von Bingen não sei cantada por quem, mas pouco importa. E fiz um ti'punch com um rum da Habitation La Favorite e despi-me, inundei a casa de anti-mosquitos e penso que tenho de tomar um duche antes de ir para a cama mas depois pergunto-me «quem é que quer palavras lavadas?» e continuo a escrever e quero que o duche se lixe. As palavras querem-se feias, ninguém gosta de palavras bem penteadinhas, como meninos que saem de casa para a escola. As palavras querem-se à vinda, joelhos sujos e camisas rasgadas.
O resto da semana foi passado entre o «posto», sito no aeroporto, o hospital, o consulado de St. Lucia em Fort-de-France. Isto estando no Marin, a trinta e qualquer coisa quilómetros e duas horas de carro. Preciso da ajuda da Hildegarde que agora canta pela voz de alguém: consegui. Consegui tudo: o visa para a Nigist e para o seu filho, trocar as datas dos bilhetes do ferry, levar comida e roupa aos «prisioneiros», convencer o chefe da polícia que aquilo era boa gente, acompanhá-los ao ferry, consegui os papéis do hospital. Consegui. Puta que foda a puta da vida. Consegui. Foram horas ao volante, horas a falar com funcionários para quem esta história cheirava a uma versão mal cozinhada de ET, horas sem dormir, horas a ouvir «sir...» mas foda-se, consegui. A prova está agora a Hildegarde a fornecer-me-la. Halleluijah!!!
Não sei se alguma vez pensaram na problemática da idade. Eu penso, às vezes. Noventa e nove por centos delas não é um «problema».Um por cento é. Agradeço muito a estes um por cento, quando acontecem. Também agradeço à senhora, sentada na mesa ao lado da minha e acompanhada que me provocou tão ternos sentimentos.
10.12.25
Diário de Bordos - Le Marin, Martinique, DOM-TOM França, 09-12-2025
Um gajo pensa em tudo aquilo por que acaba de passar e começa a elaborar uma estrutura para a narrativa. De repente cai-lhe um raio em cima. Morreu a C. P-C. O gajo sabe que não é uma grande surpresa mas sabe também que é injusta, surpresa ou não. Há mortes que não são uma filha da putice? Há. Esta não é uma delas. A cabrona leva os melhores de entre nós até morrermos e só aí reequilibra a média. Puta que a pariu, à morte.
Foi ela também que ceifou a minha Avó Filipa antes de eu a poder levar a comer um linguado ao Leão D'Ouro. Não é só a morte que é filha da puta.
Tudo é um mistério para mim, na verdade. Até eu. Até a raiva que agora sinto, como se não fosse mais do que de vida. Puta que a pariu. Deixei de gostar de chocolate negro.
8.12.25
Diário de Bordos - Le Marin, Martinique, DOM-TOM França, 07-12-2025
Tenho direito a dois finalmentes: a familia etíope está reunida em St. Lucia e eu estou sozinho a bordo. O segundo não vai durar muito tempo: amanhã às nove já tenho de ir buscar a rapariga da limpeza. E depois terei muito trabalho com os barcos. Não terei tempo para parar dois dias, alugar um quarto no norte da ilha e dedicar os dias a dormir, beber rum e escrever (ao mesmo tempo, claro). Mas bom, sejamos optimistas. Com sorte, amanhã conseguirei ir a Ses Salines. Não é o norte da ilha, é aqui ao lado, mas como toda a gente sabe o que se tem é melhor do que o que se quer ter.
Ou seja: amanhã de manhã há trabalho. À tarde também, eu darei parte de doente e irei à praia. Tão certo como chamar-me tio Patinhas.
A máquina principal está a trabalhar para carregar baterias. O grupo não funciona. Já no L. do M. é a genny quem se esforça. Deixei-a sozinha, coitada. Devem contar-se pelos dedos de uma metade de mão as vezes que eu deixei uma máquina, seja ela principal ou auxiliar, a trabalhar sem eu estar a bordo. Mas pronto, alguma vez será a primeira. Ou segunda, vá lá saber-se. Amanhã vou dormir para o L. e o grupo lá vai trabalhar para alimentar o ar condicionado, tão glutão. E eu a dormir.
PS 08-12-2025 - Hoje não há Ses Salines para ninguém. Está de chuva.
7.12.25
Diário de Bordos - Fort-de-France, Martinique, DOM-TOM França, 07-12-2025
Venho deixar a Nigist ao terminal de ferries. No caminho, a senhora desfaz-se em agradecimentos e a certa altura oferece-me um pequeno souvenir. Diz-me que o seu filho gosta muito de animais mas que ela me vai oferecer este para que eu me lembre deles. É uma tartaruga. Não há maneira possível no mundo para ela saber que a tartaruga é o meu totem. Estou comovido para além do que é descriptível.
6.12.25
Diário de Bordos - Fort-de-France, Martinique, DOM-TOM França, 06-12-2025
1.12.25
Diário de Bordos - No mar, entre o Mindelo e St. Lucia, 30-11-2025 / II
A situação da senhora complicou-se bastante durante o dia e acabei por ter de lhe dar um anti-emético. Instruções do Cross - Antilles Guyane que tive de chamar, Allahu Aqbar, continuam a fazer um trabalho sublime. Injectável, claro, é o único que tenho a bordo. Depois da injecção dada, N. diz-me "you did a great job". O cumprimento encheu-me mais de alívio do que de orgulho. Se não é a primeira injecção que dou na vida é a segunda e disto tenho sérias dúvidas. Valeu-me lembrar-me ainda das aulas de medicina e primeiros socorros da então ENIDH (hoje acrescentaram-lhe um S, para fazer daquilo uma escola superior). A senhora dorme, sob a supervisão da irmã e do cunhado, a quem dei instruções para a acordarem uma vez por hora e trocar com ela algumas palavras para avaliar a sua reactividade.
Agora há que gerir o tema do médico à chegada. Tudo menos que me ponham de quarentena não sei quantos dias ou semanas em Rodney Bay. É pouco provável mas não é impossível.
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São momentos como este, ou quando estamos num squall ou numa tempestade, ou quando temos de nos encavalitar no galope de um mastro a vinte metros de altura com força seis, ou quando temos de resolver um problema qualquer no mar que justificam o salário que ganhamos.
Os outros, os dias a saltar de fundeadouro para restaurante de luxo pago pelos clientes também; só que a razão é menos aparente: isto é tudo óptimo até alguma coisa correr mal. Por isso me irrito quando aceito um trabalho com um salário baixo, como é este, que aceitei por causa do Panamá e agora estou em negociações com a empresa para ficar por estas bandas. Vamos ver.
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Como, de resto, só amanhã veremos se geri isto tudo correctamente ou não. O mundo da navegação é um mundo lento, como se ao espaço da relatividade, para definir o tempo, tivesse de se juntar o mar. Há sempre um amanhã e até ele chegar o hoje não se percebe bem. Só no fim da regata ou no fim da viagem saberás se a tua opção de hoje foi a correcta. Amanhã.
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Amanhã? Amanhã chegamos a Rodney Bay. Depois? Logo se vê. Vamos para o Marin, isso é de certeza. A questão é saber quando. O que vai depender dos senhores da imigração em St. Lucia. Cujo humor vai depender de uma série de outras coisas. Ou seja: prever o futuro nesta actividade é como ir a um desses charlatães que prevêem o futiuro numa bola de cristal. Partida.
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PS - isto hoje vai para o ar quase sem correção. O dia começou às três da manhã e são agora onze da noite. Se ninguém me acordar antes, às seis estarei de novo a pé. E ainda há quem pense que ganhamos muito.
30.11.25
Diário de Bordos - No mar, entre o Mindelo e St. Lucia, 30-11-2025
Uma das senhoras etíopes está doente há uns dias. Como não se queixava muito pensei que era enjoo, perguntei-lhe se queria comrimidos para o dito, respondeu que não e pronto, a coisa ficou por aí. Hoje ia entrar de quarto às três da manhã e vejo-a sair da casa de banho num estado de meter medo a um médico legista. Entretanto o cunhado e a irmã também acordaram e ee volta-se para mim e diz: talvez seja preciso chamar um médico quando chegarmos. Estávamos então a quase trezentas milhas de St. Lucia e a minha vontade de esperar dia e meio ou mais não era, por assim dizer, muita. Perguntei-lhe se os comprimidos que lhe tinha dado na véspera tinham tido algum efeito. O primeiro Buscopan sim, o segundo não - ou melhor, piorou. A senhora não tem febre, fala quase ininteligivelmente, transpirava abundantemente e eu começo a ver a vida andar a ré a toda a força. Perguntei-lhes se conheciam algum médico etíope que se pudesse chamar por Whatsapp, a resposta foi sim. Pouco depois liguei a um amigo americano que vive na Suíça e confirmou a terapia proposta pela médica etíope: água com açúcar e um bocadinho de sal. Provavelmente a senhora está com uma gastroenterite e, acrescentou, isso «é muito contagioso».
Espero que não. A sê-lo, já a teríamos todos apanhado. De maneira é isto: motorsailing para Rodney Bay Marina. ETA amanhã às três ou quatro da tarde. Entretanto a senhora está mais calma, dorme no salão, vai bebendo regularmente água com açúcar e um bocadinho de sal e eu prometo que nunca mais vou dizer que não a um Starlink a bordo.
Mais uma lição: a gestão criteriosa que fiz do combustível permite-me ir agora a quase duas mil - e quando passar o que tenho nos jerrycans para os tanques espero poder subir um bocadinho.
29.11.25
Diário de Bordos - No mar, entre o Mindelo e St. Lucia, 28-11-2025
Dormi como há muito tempo não dormia e quando acordei fui lá fora ver aonde param as modas. A noite está linda, enluarada, sem sinais de squalls, com o vento pouco abaixo dos vinte, a velocidade entre os seis e os oito, o bote no rumo, as baterias em ordem - vou precisar de as carregar mas só daqui a um bocado, quando já estiver de quarto. Até lá, deixa ir que vai bem.
Comecei por pensar "que merda de dia a acabar tão bem" e apercebi-me logo de que estava enganado. O dia foi porreiro: conseguimos evitar todos os aguaceiros (não que tivéssemos tido muito mérito nisso...), andámos bem, fizemos meia dúzia de horas de motor e fizemos jus ao que pensei a cada um que nos passava ao lado: estamos na avenida da boa-sorte.
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A continuar assim, não toco nos duzentos e sessenta litros* de gasóleo que ainda tenho nos jerrycans, provando uma vez mais a minha tese segundo a qual "navega-se com o combustível dos tanques".
Isto dito, vem-me à memória a travessia deste Maio, cuja quantidade absurda de bidons me permitiu cortar quase a direito até à Horta e arrumo a tese debaixo do tapete com um acrescento: "quando se pode".
(* - O D. usou vinte litros porque precisou de substituir o balde que se perdeu e improvisou com um jerrycan cortado so meio.)
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De modo daqui a três quartos de hora entro de quarto e inauguro o antepenúltimo dia da viagem. Cujo fim é vem vindo: estou cansado.
E preciso de uma cerveja. Lembram-se: "uma cerveja, um duche e uma mulher, por esta ordem, se faz favor"? Dos dois últimos não sinto muito a falta, graças ao dessalinizador e à idade, que tanta serenidade me trouxe. Mas de uma cerveja a sério... ah! Daria por ela reino e meio. Estas cervejas sem álcool são intragáveis e ainda fazem pior. Dão vontade do produto real.
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Esta história da ausência de cerveja comprovou outra coisa que já sabia: a minha ausência de inveja é estrutural. Não me incomoda nada ver a P. e o J. beberem uma lata ou duas, às refeições e fora delas. Não estão abrangidos pela lei seca - "a menos que exagerem", o que não foi o caso - e embarcaram uma quantidade correcta. Creio que o stock lhes acabou hoje.
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Afinal vou passar no Marin mais tempo do que pensava. Deo gratias.
28.11.25
Diário de Bordos, aonde se fala de squalls e outras coisas, 27-11-2025 / II
A navegação nas Caraíbas sofre de duas pragas, desculpem-me a repetição, já aqui falei disto uma vez há cerca de duzentos anos. Uma é a burocracia, da qual tive recentemente um cheirinho, mesmo em alto mar, modernité oblige. A outra são os squalls. Em francês: grains. Em espanhol: chubasco ou chaparrón. Em português: creio que a tradução correcta é aguaceiro mas não tenho a certeza. O Deepl e o Google dão-me tempestade, borrasca. Estão errados. Paciência. Um squall é uma mini-tempestade súbita, com um aumento brusco da força e direcção do vento, acompanhada por chuva violenta. Em linguagem simples e corriqueira, um squall é uma merda. Em primeiro lugar porque tem um movimento próprio. O vento que gera pode chegar a fazer noventa graus com o vento sinóptico - o que dá frequentemente origem a cambadelas desastrosas. Em segundo lugar porque é imprevisível: um gajo pensa que ele vai para sul e o sacana muda de direcção com a agilidade de uma gazela perseguida por um leão. Às vezes alinham-se uns a seguir aos outros e fazem uma parede de trovoada, chuva, relâmpagos e raios que pode durar horas ou dias - já me aconteceu por duas vezes, uma entre Grenada e a Martinique - passei o dia todo com uma dessas paredes a quatro ou cinco milhas por estibordo e só me caíram um ou dois em cima ao fim da tarde, quando ia a entrar em Bequia para descansar, obrigado à regulação francesa que não pemite navegação em solitário mais de uma certa quantidade de horas, não me lembro de quantas. (Isto não se aplica ãs regatas em solitário, obviamente nem aos trajectos privados). Outra vez foi entre Providência e St. Martin. Três dias com uma assustadora muralha de raios, trovões, squalls e relâmpagos bem mais longe mas muito piores. Felizmente não apanhei nenhum.
Hoje, agora, um "aguaceiro" (aspas porque duvido) acaba de me passar uma rasia. Só que não consigo perceber se vêm mais ou não. A norte o horizonte está bastante escuro e fechado mas não vejo mais sinais de badanal. Pela proa está assim assim (e muito bonito, com a Lua em Crescente, horizontal, a iluminar desigualmente as nuvens, espalhadas por várias altitudes e o mar, esse sim, uma estrada prateada muito bem delineada).
Ou seja: uma noite de standby, que é a expressão inglesa para uma noite de merda. Sem o amantilho não posso rizar - poder posso, mas só depois do fim do último caso - de maneira enrolei a genoa toda, sempre me dá mais margem de manobra e aqui vou, a olhar alternadamente para o céu, para o horizonte e para o telefone aonde escrevo, vestido com o casaco Henri Lloyd que começa a perder a impermeabilidade, tal como as calças que não tarda vão à vida (ou seja, para o lixo, raio de expressão), substituidas por umas Gill compradas em Gibraltar e que ainda não precisei de pôr porque o squall do outro dia veio repentinamente demais e não me deu tempo para as estrear.
O céu a norte começa a limpar e vou desenrolar a genoa.
Não vou nada. Vou cantar laudas por ter escapado a um e olhar para a beleza do céu, com as nuvens caoticamente delineadas pela meia Lua que não tarda mais de três quartos de hora se põe e vai deixar a noite sem pingo de luz.
27.11.25
Diário de Bordos - No mar, entre o Mindelo e St. Lucia, 27-11-2025
Espero a chegada do sono e a das palavras. Vêm frequentemente juntos. Já de vento não vale a pena esperar muito mais: entre quinze e dezoito nós, a fazer um rumo bastante correcto e com tudo a funcionar bem; tudo sendo velas, motores, dessalinizadora e grupo electrogéneo. Chegamos segunda-feira. Só não sei a que horas.
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Nestes barcos, o distinguo entre tripulação e passageiros é fluido. Intuitivamente, sei que somos dois tripulantes - o D. e eu - e seis passageiros- a P., o J. e os quatro etíopes. Destes, três não fazem quartos (o outro tem dois anos) mas tratam do interior. Lavam pratos e passam o aspirador. O D. faz tudo - cozinha (excelentemente), faz quartos e trata de tudo a bordo. Falta-lhe um pouco de qualquer coisa mas compensa bem com a vontade de aprender e a vontade de fazer. Tem um dente de prata (ou prateado) que lhe dá um aspecto horrível quando abre a boca mas como é voluntarioso e eficaz a coisa passa.
Eu faço o resto, que parece pouco e é muito. Não me posso queixar, pelo menos até agora. Vou batendo na madeira para que isto continue assim. Temos de fazer quase quatrocentos litros de água por dia, carregar baterias meia dúzia de horas - um parque de novecentos a/h de lítio com alternadores e carregador de origem não vai longe - e navegar no inevitável caos que foi a arrumação das provisões: compras feitas pelo escritório, enganos do supermercado nas entregas, confusão com o número de pessoas a bordo de cada barco (somos quatro, três catas e um monocasco). O resultado é que as coisas não foram arrumadas. Foram postas ao calhas e aonde havia lugar. Além disso, temos uma quantidade infinita de algumas coisas e outras estão a acabar.
O meu inabalável optimismo resume tudo bastante bem: tens comida, água, combustível, vento, motores, velas e uma excelente tripulação. Que queres mais? Nada, claro, excepto chegar depressa para dar um abraço ao meu filho T. e beber uma cerveja.
Com álcool, que as sem são pecado mortal.
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PS - não chega bem a quatrocentos litros por dia mas anda lá perto. É aterrador. Cinquenta litros por dia e por pessoa!
Há muito que desisti de formar marinheiros. (E beneficio disso: um duche por dia, loiça lavada com água doce na cozinha ou na máquina de lavar (!), lavagens de roupa quotidianas (eles. Eu vou na segunda e é um pau por uma pedra. Há que manter vivas as tradições familiares). Claro que me irrita passar o dia a ouvir o grupo ou os motores - uso-os alternadamente para carregar as baterias, por razões longas demais para explicar aqui.
Além disso, tenho um duche à espera.